Margarida Pinto - Agulha do tempo (2009)

Tudo o que há em ti combina sem sentido...
és sem dúvida o meu tema preferido...

Incrível como em corpos diferentes se passeiam as mesmas coisas e perturbam-se os mesmos órgãos...com alegria ou com tristeza!*

Admito.

Lembras-te de quando nos ríamos dentro da nossa cumplicidade de recém amantes?
De quando brincávamos e falando a sério nos dávamos a conhecer?
Eu lembro-me de ser bem recebida entre teus braços e de 10 dedos, pertença de duas mãos marotas-as tuas-estarem sempre à procura do que ainda não conheciam do meu corpo.
Lembras-te de fazermos planos doidos? De férias em conjunto e de agendarmos "fazeres"?
Houve até tempo para amigos "saltarem a vedação" e começarem amizades desse outro lado!
Eu lembro-me de molhares o lábio cada vez que me vias e de me ofereceres maravilhas entre olhares que levavas ao impossível até termos que pestanejar e quebrar o cenário...
Lembras-te de que gostavas de mim? e Muito? Eu não...

Bolinhas vermelhas que me saem da imaginação

Andava assim...triste e endividada.
"-Triste e endividada andamos todos!" Disse-lhe o homem, como homem, a tentar minimizar a coisa, anima-la. Esqueceu-se que era com uma ela que falava. Não era isso que queria dizer e fez disto uma discussão. Vociferou, arranhou-se, disse o que podia para magoa-lo e no final, cansada e ainda mais triste acabou por dizer a verdade:
-Já não me fodes como antes, estou é frustada...