segunda-feira, 29 de março de 2010

Suspiro.......



Se cuidas de mim


Se cuidas de mim eu

Eu cuido d ti tb

Dentro da minha mão

Eu guardo-te bem

Selámos do princípio

Se perdemos tudo outra vez…

vou marcar-te bem, como um sonho vão

dentro da minha mão

Se cuidas de mim eu

Cuido d ti tb

Se vens em paz

Eu venho por bem

Se formos bebendo o chão deste caminho

Vou guardar-te bem

Agora é que sei

Que não vou sozinho

Por isso vem

Há numa praia depois da sombra uma clareira pra iluminar

Há um abrigo no meio das ondas tudo é caminho pra iluminar

Por isso vem

-Tiago Bettencourt-


Segunda feira que é dia de recomeçar a labuta e o remoinho...acordei calma e resignada ao movimento das coisas. Deixa ver como corre...como ando e se rastejam os seres durante esta que se designa por semana santa. Com mais ou menos santificação aproxima-se sempre outra coisa qualquer que ainda não tem nome, voz ou gaveta onde se dobrar.

Cresce devagar e nem nos apercebemos da sua proporção. Quando ouvi da voz do Tiago percebi que já cá estava. Nomeei-a Esperança a ver se pega.


quinta-feira, 25 de março de 2010

Ando assim


Escondida entre um nada imenso...
Farta de ser sempre a que sente e a corajosa que "bota a vida para a frente"
Sem entender como se passa a vida inteira apenas a viver e não a VIVER apenas a sobreviver...
A contentar-me com as migalhas que sobram do meu sentir...
Espremida e já sem a capacidade de esponja que antes tive...
Passeando pela semana à espera do fim de semana e das desculpas habituais...
Sentimentalmente instável...
Reclamando do costume mas com mais encolheres de ombros que os costumeiros...
...............armada em clichè..................................................

quinta-feira, 18 de março de 2010

Fraudes


"Sempre gostei de fraudes!"-disse-me ela enquanto encolhia os ombros e esticava os braços num movimento recheado de 50% constatação e outros 50 de resignação adulta...
E tinha razão a menina senhora adulta...eu sabia porque tinha assistido a muitos episódios que o provavam. Assistido e em silêncio, sem opinar ou intrometer-me, a minha faceta profissional permanecia imaculada. Já todo o meu interior de ser humano só pensava em bater-lhe e matá-la por cada vez que me aparecia assim, mais estilhaçada do que da vez anterior...

"A sério que desta vez é diferente!"-pronto! Here we go again:os olhos brilham, a excitação contamina, quase que se cheiram as feromonas e ela resplandece, voltou a sentir, está quase feliz não fosse a sombra que dali já não sai e juraria que sim, que desta vez ela poderia quase ter razão e ser mesmo a altura do "Final Feliz". Aparece por estas alturas para uma ou duas consultas, quase como a pedir a benção:"posso?O que achas depois do que te expliquei?Eu acho que ele percebeu que não me pode magoar, que estou cansada e que não quero confiar nele à toa, não me posso autorizar a sair disto magoada, outra vez! SE com este discurso não o afastei é porque ele vale a pena não achas? É porque é dos duros, dos que me poderiam fazer feliz?"
Eu calo-me, tenho que me ir deitar com a minha consciência e não com ela; na minha folha de registos de ética não há nódoas a lamentar!

Como é que alguém tão perspicaz e astuta como ela se deixa levar vezes e vezes assim...???Não passa de uma crédula, diz que não, que já não sente que desta vez é a última que se deixa enganar, que próximo não passará as barreiras todas e no fim é tão fácil:mostram-se preocupados e atentos, que é dela que precisam, que não tenha medo que eles estarão cá para os cacos que a vida lhe der e depois...volta ela a marcar duas ou três sessões para se expiar do que se autorizou a sentir, a magoar-se. Um caminho de autodestruição que começa com pontos de interrogação, evolui para sorrisos e acaba sempre com a constatação da fraude: "Sinto-me sempre um erro na vida de alguém...!"

"Sempre gostei de fraudes! Ele deixou-me..."-muda o cenário e o registo a partir daqui. No carro, no campo, na praia, em Sagres, na casa dele, ao telefone, via mail, sms ou apenas numa noite entre um copo e um cigarro, muda tudo e lá vem ela destruída...outra vez!

Admiro-me como consigo suportar pessoas assim...detesto gente sentimental e no fundo a culpa é só de quem se autoriza a sentir.
Ao fim do dia volto sozinha para a minha casa onde partilho a minha solidão com a minha profissão. Imaculada, virgem e insensível.