quinta-feira, 30 de julho de 2009

Solidão embrulhada

Vi a minha solidão à venda numa montra da cidade. Na baixa da cidade. Lá estava ela, de preço branco colado na frente, "c/Iva" dizia e eu fiquei: a sentir o sol a queimar-me os ombros, a cadela a puxar-me para a sombra e sem conseguir aceitar que ela estava ali...à vista de todos e de nenhuns porque a solidão não se mostra e nem se põe a gritar que ali está, praticamente nua e à venda.
Sabia que era questão de tempo, como com os sapatos de pele. Podemos dizer que o bicho já está morto mas a compra de mais um par abre "aquele" espaço na prateleira (que nesta sociedade de triplos lucros) para ser preenchido. OU seja, eu sabia que e a tirasse dali ela seria igualmente substituída por outra mas ao menos não seria a minha...a minha já a trazia eu.
Foi o raciocínio que bastou! Entrei na loja que será a dona da montra onde a minha solidão estava exposta e coomprei-a. Pedi apara embrulhar e colocar um laço...na segunda feira, data em que faço 30 anos vou oferecer-ma!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Entre uma ? e uma resposta


Há perguntas que não me saem da cabeça mesmo antes de conseguir alinhavar as palavras até ao momento em que se coloca o ponto de interrogação.
Ainda estão todas empoleiradas umas nas outras...e já andam a saltitar e a moer-me o juízo! Passam por um processo de "empoeiramento" e depois de polimento. No fim de umas horas ou dias acabam de se endireitar e lá sai a questão.
Andam assim também as pessoas e as suas relações, ou pelo menos as que me rodeiam...andam e amontoam-se mais ou menos literalmente, algumas horas ou dias depois estão mais ordenadas, mais sóbrias e lá vai da pergunta...muitas perdem-se pelo caminho e entre o empoleirar e "deslargar", entre o polir e deixar na prateleira a modos que a ganhar pós...mas sem se tirar os olhos de cima não vá outra passar à frente...entre o adjectivo e o nome cabe sempre mais qualquer coisa mesmo que "agramatical" e quando chegamos ao fim da frase há o ponto de interrogação mas a solidão também continua lá.
A quem entregas a tua solidão?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Também gosto de ti


Então ele era assim: giro, os nossos olhos sempre comunicaram mais que o resto até porque nunca nos tocámos muito com medo do que viesse a seguir. Digamos que sempre houve tesão entre nós. Mais ou menos da minha altura, mais ou menos tão louco como eu, mais ou menos tão bêbado que eu...cabelo curto mas sempre com uns "cortes estilosos". Antes ele usava anéis e brincos e um fio ao pescoço (acho eu...não tenho a certeza!) mas depois disse que se andava a enfeitar para se esconder e que já não o queria. Detestava-se demais para se arranjar.
Já disse que sempre o achei giro? Sempre gostei da voz dele e dos abraços dele, assim meio desajeitados tipo "vou abraçar uma mulher mas espera que ela é a amiga não é uma mulher que se demonstre abraçar como tal", dos beijitos que me dá e lembro-me dos boxers que tinha vestido numa noite de uma passagem de ano em que dormiu na minha casa e na minha cama e nem aí nos chegámos perto...nada! As mãos dele? Ele antes mexia-as muito, esfregava-as muito e punha um dedo de vez em quando na boca não sei se roi as unhas,tinha umas costas que apeteciam e uns ombros bonitos.Já disse que ele é dos meus escritores favoritos? Escreve bem, muito bem, escreve com a alma de quem sente e o cérebro de quem sabe.É o meu orgulho esta amizade que sei que nunca estraguei com um ou dois orgasmos.

Andámos no parêntesis de sermos amigos. Amigos e amigos que partilhavam histórias e bebedeiras e corações partidos porque ele andava a recuperar de uma relação da qual nunca recuperou porque ainda hoje em dia vive com ela e nao em termos metafóricos...ele não vive com a recuperação mas sim com a pessoa com quem teve/tem (nunca percebi bem) a relação amorosa. Eu andava nas nuvens por causa de um beijo dado a não sei quantos mil pés em pleno oceano atlântico e queria mais mas o outro gajo não e então eramos "amigos de coração partido "e com uma vontade imensa de curar as feridas que tínhamos com as lambidelas um do outro...mas eramos amigos.

As noites passavam e as conversas e os cigarros também. Tínhamos deixado os dois de fumar ganzas. A vida de repente fechou o nosso parentesis e ele voltou a reatar a relação do coração partido e como a dita namorada nunca simpatizou comigo, então ele escolheu o amor e a relação e eu, a amiga das bebedeiras e do coração partido ficou para trás.
Ocasionalmente encontramo-nos. Ele está com ela e ela olha-me de lado. Eu faço de conta que não percebi que me olhou de lado e dou-lhes o meu mais sincero sorriso. Não o cumprimento com 2 beijos na presença dela...
Tenho saudades mas não mudava nada.
Obrigada



(Tinha este texto em rascunho para publicar e ontem o meu amigo apareceu...acrescento:)
Ocasionalmente ele aparece sozinho...e voltamos aos amigos de bebedeira.
Dá-me beijitos, lembra-me que é mais ou menos tão louco como eu, tão díspar como eu mas mais acompanhado na sua solidão do que eu.
Lembra-me que sou bonita que tenho muitas qualidades e que ele é um dos que sim, que as vê, que não anda tudo cego.
O alcool começa a fazer efeito e já não nos olhamos tanto, já nãos nos encaramos e já me habituei e já nem estranho.
Somos dois amigos que só dizem gostar um do outro e se pedem perdão mutuamente assim...de vez em quando e em ocasiões especiais.
Não me esqueço de ti
Também gosto de ti

Escrevi um dia (há muitos anos) um texto para ti e muito melhor do que este até porque no outro blogue corria sérios riscos que tu o visitasses e até comentasses por isso me aprimorei...aqui deixo as palavras ganharem a vontade de se juntarem umas a seguir às outras e saem assim, mais confusas e mais reais. Estou mais velha como tu e ainda sinto o mesmo. Vamos equilibrando este ser velho que sempre fomos neste corpo que também vai chegando a outras idades...um dia voltamos a ser amigos.
Adoro-te.

terça-feira, 21 de julho de 2009

E agora.....................

Andei a ler coisas escritas em formato papel, leia-se à mão...e outras guardadas n'"os meus documentos", leia-se aqui no computador e encontrei um texto de 2002...estava feliz. Chorei ao ler-me não pela qualidade do texto, que nunca lhes descubro qualidade nenhuma mas sim pela sequência de palavras e de sentimentos evocados ser absolutamente irrepetível nos 7anos seguintes.
Apercebi-me que há muito muito tempo atrás era uma vez uma menina que pedia desejos e emanava luz. Mesmo quando lhe desligavam as estrelas e lhe tapavam a lua ela conseguia sonhar e ver além do que lhe tinham tirado. O pouco parecia sempre mais e o mais que tudo nunca era suficiente para satisfazer tanta vontade de ser feliz.
Essa menina reclamava sempre de andar sobreviva e só buscava o que era viver.
Encontrava ocasionalmente essa sensação e explorava-a até esgotar-se a vontade e saciarem-se as forças dos corpos movidos apenas a batimentos cardíacos.
Descobri e lembrei que essa menina fui eu...continuo a reclamar de estar viva mas a minha luz fundiu-se...

Um nome

Um nome não passa de um nome...dão-no-lo, é-nos dado e no entanto há tanta energia, personalidade e reconhecimento ligado a ele...
Detesto que me reconheçam, que me apontem o dedo ou os olhos a cada linha que passa.

Sou leitora e tento ao máximo não ligar à cara, aos gestos e às palavras de cada autor a cada entevista que vejo/ouço/leio. Se escrevo porque tem que ser também leio por isso e apenas com o objectivo de me dar prazer. Tenho pouco, tentei abdicar da escrita neste formato, deixou de me dar prazer. Apaguei o que achava ser meu mas que afinal já era mais dos outros. Para nada restar nada guardei...a não ser o nome, o meu, o que me deram e pelo qul me reconhecem, que agora nem assino para não voltar a ter o olhar reprovador ou aprovador. Para não voltar a ouvir escamotear ou teorizar acerca de...que sou mais simpática ou menos arrogante quando escrevo; que não me acham tã humana quando na minha presença...
Não me interessa...
é o Meu saco de boxe psicológico...
o que tem ter um nome ou outro??????????
Não pedi que me encontrem por baixo de nenhuma confusão ou fantasia em que vivo...
Leio, escrevo, comento...TEXTOS, não pessoas ou autores...

resumindo e concluindo...é um pedido porque não queria ter que apagar outro blogue...a sério que não chateio ninguém...sou só eu!

ReallY?


Diz que não...diz que andamos sempre em negação...como com o amor!
Acredito cada vez mais que a sua "personificação", leia-se a asua passagem do campo imagético e simbólico para algo que exista em alguém pertença da nossa vida só lhe muda o nome e tira a magia. Eu explico: conhecemos alguém, enamoramo-nos, tentamos a sorte e até somos correspondidos=amor...por enquanto! Pelo pouco tempo que vai "deste" ponto ao momento em que a resposta é afirmativa: É a tua namorada? Parou o amor...deixou de ser amor e passou a ...namoro...evoluirá ou não a casamento, divórcio, viuvez ou nova solteirice e assim...termina o amor!
O mesmo com a arte e a felicidade..eu o sol e tu a sombra. Eu a buscar-te e tu a fugires-me!
Em busca da felicidade o caminho que conheço é o da produção de emoções...se algum dia a partilho ou encontro com alguém...durante as horas em que dura nada mais há a produzir. Só a sentir o que lá está! A arte de ser-se humanos.
Voltamos a produzir no ocaso da felicidade.
Sim, concordo plenamente!
Será o bom artista aquele que consegue passar por cima disto ou aquele que se mantém fiel à sua arte (de ser triste)?

terça-feira, 14 de julho de 2009

Vai à merda!


Sou super cuidadosa com doenças infecciosas e detesto irresponsabilidades.
Não questiono e nem admito que coloquem em causa a minha actividade sexual, é minha não? Mas sou muito cuidadosa. Tomo a pílula e uso o preservativo. Não confio em mim porque hei de confiar nos homens com quem durmo? Gosto de sexo. Não lavo a minha roupa interior na máquina de lavar roupa. Lavo-a eu, à mão, à parte do resto. Com sabão neutro. Sou um boacado neurótica e vejo o que as raparigas que me rodeiam sofrem com infecções urinárias e afins. Tive uma e não quis repetir a dose. Comecei a sentir-me estranha e pensei logo no (cabrão) do Karma a atacar-me por ter ido para a cama com um gajo sem preservativo. Grávida não estava portanto...o que se passa aqui em baixo? Semanas depois de espera para ir ao médico, 3horas na sala de espera, uma conversa e um exame pouco agradável...nada excitante e muito menos erótico...resultado=
escherichia coli.
Pior...telefono ao gajo a contar-lhe e ainda fico com a sensação que ele questiona o facto de eu ter isto, de poder ter vindo dele, de ele também poder ter...ou seja, nem a merda de uma bacteria ele quer partilhar comigo!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Ai......................

Obrigada.

Bati no fundo?

Estou a começar a voltar a sentir-me bem! Não me lembro de um único pesadelo que tenha tido de ontem para hoje e deitei-me quase...quase sóbria!
Não me apetece ir à praia e nem andar pela cidade...apetece-me abrir o livro que está quase a meio e continuar a viagem, do meu quarto, de luz acesa em pleno dia e de cigarro na mão.
Acho que sim, que me estou a voltar a sentir melhor!

terça-feira, 7 de julho de 2009

H U G


Acredito que sim...que todos somos especiais ao ponto de sermos capazes de produzir e ser produtos de uma coisa boa e bonita chamada Amor.
...que nas camas vazias há mais interesse e cheiro de verdade que naquelas em que muitos corpos repousaram e é esse o meu primeiro pensamento: quantas costas por aqui já passaram?
...que os olhos falam e dizem mais que as bocas fechadas tentam calar e a verdade dos acontecimentos contradiz-me SEMPRE e eu, eu continuo a acreditar.
...que a culpa (porque há culpa?) é sempre minha, a deste lado, que não soube calar, tapar, resguardar e deixar crescer o que o meu corpo liberta a cada beijo, olhar, abraço e desejo consumado, que por aí é o caminho que não quero percorrer.
...que somos todos capazes e seres de medos, muitos, mas então porque há isto de querer mais e de sentir mais, o que nunca se alcança, porque se deixa dar e sentir se não para acordarmos um dia e chegarmos à conclusão (óbvia?) que isto só foi feito para encolhermos os ombros, contentarmo-nos com os blues que nos aquecerão mais as almas que o que o outro jamais poderá fazer.
Acredito que descobri a pólvora e como no resto...deste lado do rastilho não quero estar: o objectivo é o bastas-me e não o amas-me!
Também acredito que Há Um Gomo para cada boca e que o meu anda por aí aos tombos, tapado por uma casca ou envolto na sua nudez disfarçada...não gosto de fruta e passa-me tudo ao lado...
Quase que te peço um abraço..."Hugas-me"?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Anda tudo assim...

Anda tudo sem vontades e só sobra a que fica para o sexo porque não se comanda e nem se controla. Até se lhe deu a desculpa de ser vontade biológica.
Isto já não há sonhadores nem proactividade que escape. Está calor, andamos desmotivados e como precisamos de queixar-nos de algo...inventou-se disto!
Achei-lhe graça, identifiquei-me de algum modo.
Ando farta de me queixar, sou mais de agir sobre o que está mal e agora cada vez me ato mais e não podendo sair daqui...queixo-me enquanto rabisco mentalmente possíveis soluções para a minha precaridade...soluções In Loco...aceitam-se sugestões de soluções.