domingo, 4 de outubro de 2009

A tua música

Voltei a cantarolar-te e a imaginar como será que foi que isto aconteceu! Lembrei-me do toque da tua pele e do esgar da tua expressão incomodada pela traição a que o vento te impôs quando o fumo do cigarro te beijou os olhos enquanto me devolvias o isqueiro. De comeres à pressa e de só querer uma imperial que não fosse Tagus, uma música para recordar e outro Marlboro para acender(-te). De pensar que o silêncio ali seria menos constrangedor que as palavras que eu vomitava e me sabiam mal porque até a mim me confundiam.
"Olá eu sou a ..."
Do que mais gosto na tua música é do facto de estar catalogada no meu e pelo meu computador como "género desconhecido"! Assim como tu não há gaveta nem adjectivo para a dita sonoridade que quase me engana e me faz (re)começar a falar (sozinha) a pensar que estás aqui. Quase que sinto os teus lábios (carnudos e desenhados por uma qualquer mão) meio húmidos meio molhados a dar para o quente, mais quentes que a minha pele a desembuchar o que te faz fazer música. Quase que a tua voz é captada pelo cérebro como se fosse mesmo para mim...
"Deixa-me provar o sabor dos teus lábios, será que são de vinho será que são sábios, experimentados, será que sim, será que não, será que são, será que estão?"
Eu deixo e tu, deixas?
Quase que ainda me lembro que os teus olhos são verdes mas depois mesmo que não sejam não é a cor que me chama a atenção, nunca foi, não percebo porque se diz que o tamanho não interessa e nunca se pensa em dizer que a cor não interessa! Interessa-me muito mais o tamanho que a cor! Não gosto de coisas excessivamente grandes, nem pequenas, deve ser a única coisa em que sim, sou do meio termo!
A minha psiquiatra ficaria orgulhosa. Não lhe digas é que é de ti que falo e sobre ti que escrevo que ela ia confundir e misturar tudo outra vez com a explicação de que vivo rodeada de fantasias que não existem apenas para me provar que a realidade é má e chata, que as impossibilidades com que sonho (e colocar-te-ia como uma delas!) são meros argumentos para me sentir viva , que no fundo não evoluí mais do que substituir a auto mutilação por ti e pela tua música!
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