sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

2010 Primeiro

3 de Dezembro de 2010
Olá S. Já não falamos há muito mas continuo a lembrar-me de ti, do que me dizias e de como lidar com as coisas. Essas coisas continuam todas na mesma, mas sem perigo. Os fantasmas da morte, os meus pais conflituosos, o meu irmão e o bébe que já não é nada bébé, a cunhada e os stresses dela, eu bem tento que ela peça ajuda mas ela ainda não se apercebeu de que precisa, enfim, eu demorei mais de 10 anos...Tinhas razão, como sempre, elas (as coisas) não iriam desaparecer mas continuo a achar-me capaz de resolvê-las por isso calculo que continue no "bom caminho". Aquando das ansiedades, das desiluões e das inter-acções com os outros, sou eu na mesma mas com outras ferramnetas, mais capaz e mais autónoma.
O X está bom, estamos bem, vamos indo. Há dias melhores que outros como em todas as relações mas nesta em que estamos a dois e remamos para o mesmo lado há sempre mais sentido que desorientação.
Descobri uma bússula que amo. Deixeid e ser parasita ou albergue de parasitas para passar a ter uma relação chamada saudável. Harmónica. Sem as loucuras de outrora, bebeos e fumamos, há noites de saída mas até essas parecem saudáveis, não são autodestrutivas sabes? Claro que sabes...
O trabalho também vai andando, nada de especial, nada a mais ou a menos. Cumpro o que tenho a fazer, há alturas em que produzo mais e com mais imaginção e outras em que produzo apenas o suficiente, o que é esperado. Passam os dias, os fins de semana e chega o fim do mês, recebo e pronto, foi menos um mês.
A razão da missiva está noutro ponto. Quero agradecer-te, sinto-me em paz com o meu passado. Resolvi o que tinha em guerra, assumo o que aconteceu de bom e de mau, sem culpas, sem remorsos, raivas ou revoltas. Não culpo ninguém e nem me responsabilizo demais. Aceito pacificamente e com serenidade, tem que ser. Obrigada, cresci! Guardo os teus contactos, electrónico e telefónico, há dias em que me passam pelas mãos, sem a necessidade de outrora, sem simbolizarem a amarra à realidade, a bóia de salvação, a luz ao fundo do túnel. Aliás, acho que a maior parte do meu crescimento e reconstrução contigo por perto passou pela aniquilação dos símbolos em que vivia. Tudo era simbologia de/para algo.
Agora só há a realidade e é com ela que me deito e acordo, para o bem e para o mal. Estamos a chegar ao fim do ano e apesar de continuar a não gostar desta época, ela já não me tortura e por tal, em jeito de balanço andei a pensar na paz em que me sinto com o que me rodeia e comigo...passou-me o cartão do teu cosultório pelas mãos e senti esta necessidade:
não me esqueço de ti, não me esqueço de mim, estou bem mas pronta a voltar a pedir ajuda se não me voltar a sentir bem. Um bom novo ano para ti e para os teus, Obrigada SP.

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